Filipenses é uma das cartas de Paulo do grupo das “Cartas da Prisão”. Ao contrário dos crentes Colossenses, Paulo conhecia pessoalmente os irmãos que se reuniam em Filipos. Até a pouco tempo, minha impressão é que essa fosse daquelas “igrejinhas da roça”, uma igreja de cidade pequena, onde todo mundo conhece todo mundo. Isso porque a forma de Paulo escrever a esses irmãos com tanto afeto, num tratamento tão pessoal, dócil e fraternal, me fez pensar que se tratava de um grupo menor de irmãos, logo seria um ambiente mais fácil de se criar laços de amizade estreitos.
Mas qual não foi minha surpresa ao descobrir que Filipos era uma metrópole, uma das maiores e mais importantes cidades da Ásia Menor! Considerada uma porta de entrada da Ásia para a Europa (consequentemente um ponto vital e estratégico em termos militares), era localizada no Leste da Macedônia, a cerca de 13 quilômetros do mar Egeu. A cidade tem esse nome em homenagem a Filipe II (pai do famoso Alexandre, o grande), que conquistou o povo que ali vivia, os trácios, em 358 aC. Em 108 aC passou para domínio romano e foi palco de batalhas históricas, como a de Marco Antônio e Otávio Augusto contra Brutus e Cássio, assassinos de Júlio César (42 aC) e do próprio Otávio Augusto contra Marco Antônio e Cleópatra (33 aC). Os vencedores se instalaram em Filipos, o que deu à cidade o status de colônia romana e o Ius Italicum, uma denominação de que a cidade se tornara uma “réplica menor de Roma”. Seus habitantes tinham cidadania romana e os que possuíam imóveis ou terrenos tinham direito de propriedade equivalente aos que possuíam imóveis em solo italiano.